Jovem de 28 Anos Morre Afogada em Poço Tradicional no Dondo: Falta de Cuidados Especiais para Pessoas com Epilepsia Levanta Alerta
Uma tragédia abalou a cidade do Dondo, em Sofala, com a morte de Maria Zeca, uma jovem de 28 anos que se afogou em um poço tradicional no Bairro Madrinha. O incidente, que ocorreu na quinta-feira (26), lançou luz sobre a necessidade de cuidados especiais para pessoas que padecem de doenças crônicas, como a epilepsia, especialmente em situações potencialmente perigosas.
De acordo com informações obtidas pelo portal Notícias, Maria, que era conhecida na comunidade por sua luta contra a epilepsia, havia saído de casa com a intenção de buscar água no poço. Durante essa atividade rotineira, acredita-se que ela tenha sofrido uma crise epiléptica que a levou a perder o equilíbrio e cair no poço. Infelizmente, devido à profundidade do local e à falta de supervisão adequada no momento, Maria não conseguiu sair a tempo, vindo a falecer por afogamento.
A notícia chocou a população local, que expressou pesar pela perda prematura de Maria. Ela era descrita por vizinhos como uma pessoa calma e trabalhadora, que, apesar das dificuldades impostas pela sua condição de saúde, mantinha uma vida ativa. A sua morte gerou questionamentos sobre as condições de segurança ao redor dos poços tradicionais, que são comuns em muitas regiões rurais e semiurbanas de Moçambique, e também sobre o suporte necessário para indivíduos com problemas crônicos de saúde.
Fernando Meque, porta-voz do Serviço Nacional de Salvação Pública (SENSAP) em Sofala, comentou o incidente, salientando a importância de adotar medidas preventivas em relação a pessoas que sofrem de epilepsia ou outras condições que possam resultar em situações de risco. "É crucial garantir que pessoas com epilepsia sejam constantemente monitoradas, especialmente quando realizam atividades que as expõem a perigos, como lidar com água ou fogo", disse Meque.
Ele ainda lembrou de um incidente recente em que outra jovem, também portadora de epilepsia, perdeu a vida em um incêndio. "O que estamos a ver é que essa condição pode, a qualquer momento, desencadear tragédias, como incêndios ou afogamentos, se não houver uma atenção especial. É vital que as famílias e as comunidades se organizem para prestar suporte e supervisionar essas pessoas, evitando que estejam sozinhas em situações de risco", alertou.
Segundo o SENSAP, a imprevisibilidade dos ataques epilépticos coloca os pacientes em perigo constante, especialmente em locais onde a infraestrutura é limitada e onde há falta de dispositivos de segurança, como cercas ao redor de poços ou tampas de proteção.
A tragédia de Maria Zeca também levantou questões sobre a segurança dos poços tradicionais que ainda são amplamente utilizados em várias partes de Moçambique, especialmente em áreas onde o acesso à água potável é limitado. Esses poços, muitas vezes cavados manualmente, raramente possuem as estruturas de segurança necessárias para prevenir acidentes. Mesmo para pessoas sem condições de saúde pré-existentes, esses poços representam um perigo, sendo comuns relatos de quedas acidentais, principalmente envolvendo crianças ou pessoas idosas.
Embora as autoridades locais tenham implementado alguns programas para melhorar o acesso à água e construir poços mais seguros, muitas comunidades ainda dependem dos poços tradicionais, onde os recursos são escassos e as medidas de proteção são mínimas. Em muitos casos, esses poços não possuem tampas ou cercas de proteção, expondo os usuários a riscos de acidentes fatais, como o que vitimou Maria Zeca.
Além disso, a falta de conscientização sobre a necessidade de monitoramento constante de pessoas com epilepsia em situações como essa, agrava ainda mais a situação. Muitas famílias, principalmente em zonas rurais, não estão cientes dos riscos ou não têm meios para supervisionar constantemente seus familiares que sofrem da doença.
O incidente trouxe à tona a necessidade urgente de campanhas de sensibilização nas comunidades sobre os riscos associados à epilepsia e a outras doenças crônicas, bem como sobre a importância de melhorar as condições de infraestrutura básica, como a segurança em torno de poços tradicionais.
Especialistas em saúde pública destacam que é necessário promover uma maior compreensão sobre a epilepsia, pois muitos ainda acreditam que as crises podem ser controladas apenas com medicação, subestimando a importância do acompanhamento contínuo. Além disso, recomenda-se que poços e outras fontes de água, em áreas com grande uso comunitário, sejam equipados com cercas, tampas de proteção e sistemas de alerta para emergências.
Ao mesmo tempo, as famílias e as comunidades precisam estar mais envolvidas no cuidado de indivíduos vulneráveis, como os portadores de epilepsia, assegurando que eles não realizem atividades de risco sem supervisão adequada. “Não podemos subestimar a imprevisibilidade dos ataques epilépticos. Mesmo com medicamentos, esses pacientes devem ser acompanhados, especialmente em atividades cotidianas que, em um momento de crise, podem se tornar fatais”, enfatizou Fernando Meque.
A morte de Maria Zeca representa uma perda trágica para sua família e para a comunidade do Dondo. No entanto, sua história também serve como um alerta para a importância de cuidar e proteger os mais vulneráveis. A prevenção de acidentes envolvendo pessoas com epilepsia, assim como a melhoria da segurança em torno de poços tradicionais e outras áreas de risco, são questões que precisam de atenção urgente das autoridades e das comunidades locais... Leia mais
A necessidade de reforçar medidas de segurança e aumentar a conscientização sobre doenças como a epilepsia são passos cruciais para evitar que tragédias como essa continuem a ocorrer. A morte de Maria Zeca, embora dolorosa, destaca a importância de investir em segurança e cuidados especiais, lembrando a todos que, com as devidas precauções, muitas vidas podem ser salvas.